Cecília Meireles em Portugal em finais de 1934: a admiração por Pessoa e a relação muito próxima com Fernanda de Castro


O comboio Lisboa-Porto sairia muito cedo, era preciso estar na gare das sete. Deixar o doce convívio com os amigos de Lisboa, interromper aqueles dias felizes, e partir rumo ao Norte. Fernando decidira que deveriam passar duas semanas junto à família dele, no casarão da Penajóia.

[...] A despedida havia sido na véspera. Em casa de Fernanda de Castro. Sim, na volta a Lisboa, para as conferências, gostaria de ter afinal um encontro com aquele poeta extraordinário que ainda não conseguira avistar: Fernando Pessoa. No Brasil, o marido lhe falara tanto sobre ele... E os poemas dele a que já conseguira ter acesso, publicados em algumas revistas portuguesas que recebiam em casa, haviam mostrado que Pessoa descobrira novos caminhos para a poesia.

[...]‘Não podemos nos demorar muito mais, deixamos três crianças num colégio’, avisara a Fernanda de Castro. Eram as filhas Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, que, na ausência de parentes no Rio, haviam ficado em um Colégio de Copacabana. Contudo, a viagem de António Ferro à Itália e à Alemanha provocaria o adiamento das conferências para o segundo período da temporada em Lisboa. De facto, elas só puderam se realizar em Dezembro.”

GOUVÊA, Leila V. B., Cecília Em Portugal, Editora Iluminuras , 2001, p. 47.

Na imagem: Cecília Meireles